O último levante. No Brasil

O mundo assiste nos últimos dias a efervescência política no oriente. Como em um jogo de dominó, caem ditaduras uma atrás da outra e muitas outras haverão de cair,...

não só as ditaduras mais também os regimes, aparentemente democráticos, que se utilizam dos mesmos mecanismos das ditaduras, ou melhor, dos ditadores.
O principal aspecto a ser destacado nessa movimentação é a ferramenta comunicação, leia-se internet, posta a serviço do povo para que se efetive a vontade deste.
Os senhores do mundo tentam, mas não conseguem deter o avanço democrático que a tecnologia digital proporcionou através da WEB aos que não tinham mando e sequer tinham voz. Por ironia, a rede foi criada para servir aos interesses imperialistas dos EUA e suas práticas belicistas. O feitiço virou contra o feiticeiro e, hoje, os hackers podem até paralisar o sistema financeiro mundial levando ao caos o mundo do capitalismo e, até revelar para todos, as tramóias, conspirações e demais velhacaria do Pentágono, como é o caso do site Wikileaks, fundado pelo australiano Julian Assange. Isto e muito mais pode acontecer porque a internet entre outras coisas valiosas, colocou o poder da comunicação na mão do povo. Toma forma a aldeia global teorizada por Mac Luhan e o povo da aldeia despe os reis e toca fogo em suas vestes.
Ao refletir sobre os acontecimentos veio a mente o episodio da Legalidade que completa, esse ano, o seu cinquentenário. Em 1961, Leonel Brizola, homem que sempre esteve à frente do seu tempo, promoveu o último levante popular ocorrido no Brasil a partir das ondas curtas do rádio. O líder incendiou o país com labaredas cívicas, pregando a defesa da constituição e a garantia dos direitos democráticos. Ele não tinha a internet, mas tinha o rádio, arma tão valiosa naqueles tempos quanto essa de agora. E foi com a palavra que ele deteve os tanques, aviões e canhões que estavam depositados nas mãos dos gorilas. E através da comunicação conquistou para a causa o povo, os praças e até generais legalistas. Diríamos, ganhou a sociedade majoritária no verbo.
Assim também aconteceu nas grandes revoluções. Na inglesa liderada por Oliver Cromwell e seus puritanos, John Bastwick, Henry Burton e William Prynne se utilizaram da panfletagem impressa. Na francesa, Marat, Danton e Robspierre imprimiam jornais e panfletos. Na revolução russa, Kerenski, Lênin e Trotski se valeram da imprensa e também do rádio para pregar seus ideiais revolucionários e as palavras de ordem que desencadearam o processo.
Os levantes e as revoluções não se dão por geração expontânea. Primeiro é preciso que existam as condições favoráveis, aquilo que se chama caldo de cultura, depois se faz necessário que desponte e se ponham em campo as lideranças. Se tudo estiver em consonância com a vontade popular as coisas acontecem como um turbilhão e da noite para o dia ocorre a mudança, quase sempre de forma radical.
Por isso e muito mais os tiranos temem os políticos. Porque para ser político é preciso ter o dom da palavra, seja ela escrita ou falada, mas não basta o dom, é preciso ter os meios. Milhares de vozes libertárias são sufocadas pela falta de um instrumento de comunicação. Faltava. Agora não falta mais, basta ter uma máquina, digitar www e o que se segue. Só tem uma coisa, esses mecanismo estão ao alcance da maioria e, em breve de todos, ou seja, estamos nós humanidade em pé de igualdade e ficará cada dia mais difícil enganar a todos o tempo todo *.
Neste campo só vão prosperár homens inteligentes, preparados e de boa fé. Adeus direita burra, mais cuidado com a direira esclarecida, ela tambem sabe lidar com essa ferramenta e vai de todos os modos, usando todos os meios, tentar tirá-la de nós. Enquanto isso, vamos rezar a Sâo Leonel de Carazinho pra que isso não aconteça.

* “Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo;
podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo;
mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.’’
Abraham Lincoln  
Por: Sapiran Brito / twitter: @SapiranBrito
Jornal Minuano - Bagé/RS